04 dezembro 2009

Alienação

A vontade de querer e o querer infinitamente porque sim…


Porque todas as folhas escritas foram sempre Tudo que pude apresentar-lhes de mim? Porque ultrajavam todo o Sentir, toda a volúpia em que se traduz o meu e o teu querer…

Simulavam sempre a perda de alguém, falseavam o desejo incessante de reclamar-te para mim… proferiam superficialmente tudo o que era e continua a ser inadvertidamente superior.

Foram tão leves e profanas essas simulações quanto a verdade que as unia. E estupidamente, foi este e esse medo que as elevou assim, dessa forma tão magnificente como deprimente.

Derramava-se sangue e, nele todo o poder de Ser-se, toda a veracidade desses “momentos mais sentidos do que pensados”…

Pergunto-me ainda como foi possível camuflar-se tudo isto. Como pudemos acreditar transpor todo o sentimento, na criação de um vazio que nunca pôde ir além… Pois nunca o deixaria a marca desta ligação minha e tua.

Talvez essa inequívoca presença nos tenha devolvido a razão…talvez ela nos tenha alertado para um novo e mais forte valor. A audácia de caminhar firmemente no desconhecido sem mais temer ser-se feliz.

Silenciamos por fim. Vilipendiando todo o formalismo…Vivendo destemidamente este Nada, como faria o forte em seus momentos de comunhão.


Carina Aguiar

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