30 dezembro 2009

Roubei-me

       Roubei-me…

      Perdi tudo que, na verdade, nunca foi meu, tudo aquilo que pensava que tinha, mas que nunca me houvera pertencido. Perdi-me e nunca mais me encontrei, vi que tudo em mim era um vazio incómodo e assustador e percebi que nunca temos nada.

     De um momento para o outro, ficamos sozinhos, nus, despidos de tudo aquilo que somente nos enchia e que tínhamos como essencial.

     Nestes momentos, nos momentos em que me encontro comigo mesma, apenas existem recordações daquilo que realmente é importante, um gesto, um carinho, um abraço, um beijo…

     Só isto é verdadeiro, só isto subsiste quando tudo se desmorona, quando tudo desaparece. Só isto nos dá ânimo para continuar, para viver…mas tudo isto para muitos é muito pouco e para outros é nada. Mas é isto a única riqueza que possuímos, que nos une, que nos identifica como Seres humanos, e a isto eu chamo de amor.



 
Susana Martins

24 dezembro 2009

Hoje é dia de Natal...




Hoje é dia de Natal…


Procuro incansavelmente alguém
Que saiba e possa comigo partilhar
O verdadeiro sentido que ninguém
Conhece e não deseja encontrar.


Sinto o Natal! E vós sentis?
Bem sei que não. Sentir puramente
É difícil e, por isso, vós mentis
Afirmando que hoje é um dia “corrente”!


Tu, ele, vós não tendes culpa…
É preciso saber tirar a máscara!


É sentir o verdadeiro Natal e descobrir o seu significado, o qual todos querem esconder….!






Ana Sofia Ramos

12 dezembro 2009

Nada

Todos os limites e barreiras estavam estabelecidos...



Havia uma impossibilidade e uma incapacidade em tudo o que existia.

No entanto, há uma dimensão que rompe com tudo aquilo que um dia foi estabelecido por todos aqueles que tudo julgam conhecer e saber, mas que nada sabem e nada têm.

 Todos pensam que se conhecem e que conseguem compreender os outros que os rodeiam, porém não o conseguem.


 Os outros são mais uns como todos os outros, cheios de Tudo e vazios de Nada.


Todavia, nunca se pode esquecer a dimensão que ultrapassa os limites do possível e do impossível, algo que destruiu o que estava estabelecido e que construiu uma dimensão do “eu” complementado.


Quando sentimos, deixamos os conceitos básicos de parte e dá-mos um novo significado às palavras…





Ana Sofia Ramos

04 dezembro 2009

Alienação

A vontade de querer e o querer infinitamente porque sim…


Porque todas as folhas escritas foram sempre Tudo que pude apresentar-lhes de mim? Porque ultrajavam todo o Sentir, toda a volúpia em que se traduz o meu e o teu querer…

Simulavam sempre a perda de alguém, falseavam o desejo incessante de reclamar-te para mim… proferiam superficialmente tudo o que era e continua a ser inadvertidamente superior.

Foram tão leves e profanas essas simulações quanto a verdade que as unia. E estupidamente, foi este e esse medo que as elevou assim, dessa forma tão magnificente como deprimente.

Derramava-se sangue e, nele todo o poder de Ser-se, toda a veracidade desses “momentos mais sentidos do que pensados”…

Pergunto-me ainda como foi possível camuflar-se tudo isto. Como pudemos acreditar transpor todo o sentimento, na criação de um vazio que nunca pôde ir além… Pois nunca o deixaria a marca desta ligação minha e tua.

Talvez essa inequívoca presença nos tenha devolvido a razão…talvez ela nos tenha alertado para um novo e mais forte valor. A audácia de caminhar firmemente no desconhecido sem mais temer ser-se feliz.

Silenciamos por fim. Vilipendiando todo o formalismo…Vivendo destemidamente este Nada, como faria o forte em seus momentos de comunhão.


Carina Aguiar

28 novembro 2009

Amar é...



Porque há uma dimensão que é nossa e devemos expressá-la, a dimensão pessoal de todos os mais belos sentimentos que se desvanecem como um fumo de uma ardente fogueira….

Porque sentir é viver e eu tenho a ousadia de afirmar: “Estou Viva!”…

Porque devo expressar tudo aquilo que senti, sinto e sentirei…

Porque as palavras e os gestos são as únicas formas de expressar tudo o que sinto, eu escrevo e escrevo, deambulando entre os mais puros sentimentos…

Porque a poesia é Vida e a vida é o melhor que eu possuo…

Deleitem-se com o poema, provem cada palavra e sintam-no como se fosse a mais bela e mais doce poesia dos poetas passados e nunca esquecidos!

Amar é…

Amar é respirar profundamente,
Sonhar, dominar o sofrimento,
Querer ter um breve momento
De felicidade eternamente.

Amar é possuir a verdade,
A mentira, a doce ilusão,
Abarcar no nosso coração
O sentimento da contrariedade.

Amar é ter o desejo de conjugar
O verbo amar no presente,
E no futuro, mesmo que ausente.

Enfim, amar é um puro querer,
Um efémero riso, uma lágrima
E, sobretudo, um modo de viver.

 
Ana Sofia Ramos