18 março 2010

Não entendo a vossa forma de viver…

Muitas vezes, sinto-me um Ser de um outro planeta, que, de repente, aterrou na Terra e que sem conhecer nada nem ninguém se limitou a observar.


Comecei a anotar os vossos comportamentos: passeiam na rua, mas nunca olham para os outros, parecem que têm medo de os olharem, de os verem tal como eles são. Vão sempre com a cabeça baixa para fitarem o olhar e, na vossa correria, nunca reparam em nada, nem sequer nas coisas belas que vos rodeiam. Criam chats na Internet para combaterem a vossa solidão, adicionam pessoas que nem sequer conhecem, pessoas que se calhar passam por vocês na rua e que, por falta de coragem, nunca se atreveram a olhá-las. Amam algumas pessoas, as que vos são mais próximas, no entanto, têm vergonha de lhes dizerem o quanto as amam. Ou então passam a vida a dar beijos, abraços para se mostrarem, mas nunca o fizeram de uma forma sentida. Quando alguém de quem gostam morre, choram, por vezes, porque nunca lhes disseram o quão importante era para vocês. Choram até por aqueles que não gostam, porque fica sempre bem fazê-lo! Discriminam quem é diferente, porque, no fundo, têm medo de perder o vosso protagonismo. Classificam as pessoas somente pelo seu exterior, pelas roupas que vestem, pela marca das sapatilhas e esquecem o mais o importante, o interior, aquilo que não se vê e que muito menos se compra numa loja qualquer.

Sem dúvida, às vezes penso que não pertenço a este mundo…é preciso valorizar mais do que as coisas as pessoas. É necessário ter coragem para dizer o quanto as amamos, saber olhá-las de frente, saber ser-se. E muito mais do que isso, saber sentir, sentir de uma forma pura, saber olhar, abraçar, no momento certo, no momento em que os outros mais necessitam de nós!

Susana Martins

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